Após décadas de muita felicidade pelo exercício da profissão de médico cirurgião cardiovascular, e também como professor da Universidade de São Paulo, tive a graça de fazer parte do grupo responsável pela introdução de REDCap no Brasil.
Como cientistas – e todos colegas de área, presumo, assim entendem – dedicamos nosso tempo e nossa vida seguindo preceitos da inteligência racional. Aquela movida pelos fatos. Aquela que nos deixa inquietos diante da ignorância. Aquela inteligência amiga do ceticismo e do pragmatismo. Enfim, aquela inteligência que nos leva, pela curiosidade, ao conhecimento do novo através da razão.
Contudo, embora reconheça a beleza da inteligência racional, entendo que, antes, como seres humanos, obviamente também nutrimos o encanto pela inteligência emocional. Aquela que, me permitam o trocadilho, fala ao coração. Que nos faz rir diante de uma piada. Que nos sensibiliza ao ouvir uma música. Ou a experimentar cheiros ou sabores diferentes.
A felicidade que sinto por fazer parte deste grupo de médicos e pesquisadores que batalhou para trazer REDCap ao Brasil durante anos, só pode ser descrita e narrada pelo ponto de vista da inteligência emocional, ainda que todos os frutos desse projeto sejam atinentes à razão, à precisão e à confiabilidade que só a ciência pode proporcionar.
Lembro-me de um momento, já na minha distante infância, quando meu pai me deu um presente inesquecível: um jipe de lata, a pedal, construído por ele mesmo. Somente mais tarde dei-me conta da simbologia daquele presente feito à mão: um belo exemplo de superação, haja vista que o jipe fora feito em casa, porque não havia recursos para adquirir um modelo fabricado em escala industrial.
O jipe feito à mão por meu pai, era um tanto barulhento. Artesanal, não tinha requintes próprios da qualidade da última tecnologia. Mas andava. E eu ainda podia dividir aqueles momentos com amigos, fosse para apreciar a suavidade e o vento das descidas, ou o esforço empreendido nas subidas. Foi, e para mim ainda é, o melhor jipe do mundo. Minha alegria ao pedalar e ao dirigi-lo tornaram aqueles momentos quase que inenarráveis para expor o grau de felicidade que vivi, bem como o orgulho que tive de meu pai. Algo que o rigor científico não explica. Mas o sentimento humano os reconhece apenas por tê-los experimentado.
Hoje, ao ver REDCap ganhando espaço no Brasil e na América Latina, sou envolvido por um sentimento parecido com o do meu saudoso jipe. É um misto de orgulho, alegria, satisfação, realização e felicidade, difícil de manifestar com a devida precisão, com os recursos da inteligência racional. Por isto, permiti-me recorrer ao exemplo que narrei.
Espero que os frutos do REDCap sejam divididos com colegas e amigos, pesquisadores e cientistas, usuários e pacientes, alunos e mestres, e novos amigos e novos profissionais de outras áreas além da medicina, como se fosse aquele jipe com o qual obtive felicidade plena na infância, principalmente por tê-lo compartilhado com mais gente. Que sejam repartidas todas as facilidades quando a gravidade estiver a favor, assim como, o esforço em conjunto para ajudar ladeira acima quando preciso.
REDCap é algo para ser celebrado, usado e compartilhado. Vale o empenho de cada um para sugerir, criticar e elogiar sempre que quiser. Estamos começando a mudar o status de qualidade das pesquisas científicas e acadêmicas no Brasil e participando desta mesma mudança no mundo.
Caso você ainda não tenha dado a sua voltinha, não espere mais. Acesse nosso site, acompanhe nossos cursos, participe do REDCapCon, o Primeiro Congresso Latino-Americano e Brasileiro do REDCap, nos dias 26 e 27 de abril de 2018.
Seja bem-vindo a uma experiência com a mais avançada tecnologia e compromissada com o respeito à ética e aos melhores objetivos científicos e acadêmicos na pesquisa: elevar a qualidade de vida de nossa sociedade e de todos os seus indivíduos.